segunda-feira, 28 de março de 2011

O preço da liberdade ( em construção )

Quando somos mais novos, preciamos a liberdade, queremos conquista-la a qualquer custo, mais quando começa a liberdade? Até onde vai essa liberdade? Qual o seu preço? Na verdade não queremos nem saber! Não queremos nem olhar o que fazemos para conseguir a tal liberdade, isso quando não confundimos o errado com a liberdade, mais o que é então essa liberdade que tanto falamos?
Quando devemos começar a ter liberdade? Perguntamos para nós quando somos filhos, e quando somos pais nos perguntamos, quando devemos dar a liberdade? Será que liberdade muito “cedo” atrapalha em nossas escolhas de vida? Ou será que nos ajuda a encarar melhor os problemas? No geral, não sabemos!
Aos dez anos de idade começei a ter minha liberdade, meus pais me deixavam sair com algumas outras crianças da minha idade para poder jogar futebol, nosso time se chamava “camarãozinho”, nome escolhido por um amigo meu que também jogava no time, para alguns de nós, aquilo era maravilhoso e para mim então nem se fala! Em um desses jogos conhecemos um homem chamado Geraldo, que por seus alunos era chamado de professor  Gê, que por sua vez era treinador de um time chamado; “Lua Brilhante”, que comparando com o  nosso, era uma “seleção”!
Marcamos um jogo contra aquela “seleção” e não fizemos feio, empatamos por 4 x 4, mas para nós aquele empate foi apenas mera coisa, pois o que marcou mesmo, foi quando o professor Gê nos convidou para jogarmos no time deles, e nós logicamente aceitamos. Começava para mim uma outra parte dessa liberdade, a partir daí, começaria a jogar em campos mais distantes, teria mais indepêndencia de meus pais, conheceria outras pessoas, passaria a conhecer outros lugares.
Joguei por  volta de dois anos nessa equipe, até que tive que sair por problemas, sofri um acidente de carro quando voltava de uma viagem, que havia feito para a casa da minha avó e nesse acidente fraturei as duas pernas, sendo a esquerda em um lugar e a diteita em dois lugares. Demorei em torno de dois anos para me recuperar completamente e voltar a jogar futebol.
Por causa desse acidente, meus pais me deram muita liberdade, e com isso, começei a sair  todos os finais de semana, em uma dessas minhas saídas, experimentei o cigarro, aprendi a tragar, soltar fumaça pelo nariz e até à fazer  “bolinhas” com a fumaça, aquilo me encantava, achava que tinha encontrado a minha liberdade, pois o cigarro me dava ar de mais velho e até parecia que as pessoas me respeitevam, mais na verdade estava eu era afundando no meu primeiro vicío. Para mim poder fumar, tinha que entrar nas casas em contrução, ou então em lugares que só tinham garotos da minha idade, pois ninguém poderia saber, pois se soubessem poderiam contar para meus pais, e as conseqüencias seriam graves.
Se naquele momento eu parasse e pensasse, nessas circunstâncias onde estaria a liberdade? Estava mais ou meno s igual a um bandido, só estava vivendo escondido, mais naquele momento não pensei nisso, só queria era curtir. Algum tempo havia passado e já fumava não mais por simplesmente achar legal e sim porque eu já estava viciado, nesse momento eu também já estava me envolvendo com bebidas alcólicas, e confesso que a bebida me fazia sentir boas sensações e naquilo tudo veio o meu primeiro porre, tive que ser ajudado por meu tio, se não; nem conseguiria ir embora sozinho, e nesse dia dei tanta sorte que meu pai não estava em casa, pois se ele estivesse visto á minha situação, só Deus saberia o que ele iria fazer.
Não me emportei muito com aquele epísodio e continuei bebendo em outras oportunidades, não como nesse dia, após algumas aventuras, algumas festas, começei a me acostumar com a bebida alcólica, e em uma dessas festas me “apresentaram” a maconha e a cocaína e diga se de passagem, muito bem “apresentado”! Me envolvi com a cocaína, por que escutava algumas pessoas dizendo que ajudava a “segurar a onda” da bebida, ou seja, ajudava a não ficar bêbado. Mesmo com alguns envolvimento não gostei muito da sensação provocada pela cocaina, mais em compenssação já fumava maconha todos os dias, e essa sim, eu adorava as alucinações que ela me fazia ter.
Após alguns meses, estava totalmente dominado pela moconha, tinha dia que eu fumava a droga por várias vezes ao dia. No começo, achamos que tudo está sobre controle, e quando o tempo vai passando, percebemos que nós é que estamos sendo controlados, dominados; por outro lado, era aquilo que eu quiria, aqueles minutos que eu passava “louco”, me fazia ter uma certa tranqüilidade, me fazia esquecer alguns problemas, como; dificuldades na escola, problemas com meus pais, coisas mais ou menos assim.
Havia me tornado um escravo da maconha, já não conseguia ficar nem mais um dia sem me drogar, qualquer quantia de dinheiro que eu tivesse, gastava com a droga, mas não era só esse o problema, tinha que sustentar outro vicío; o cigarro.Todo dia pedia dinheiro meus pais e mentia dizendo que iria comprar outras coisas e sem desconfiar de nada me davam.
A maconha não mais me atrapalhava só no meu bairro, começava a me atrapalhar na escola, não conseguia acompanhar as matérias que eram dadas, fora da escola me envolvia com brigas e só andava com turma, mais até onde isso é liberdade? Que preço estava disposto a pagar para ter a liberdade? E tudo isso valeria a pena? Mais naquele momento isso não me entereçava, só queria “curtir”!
Comecei a trabalhar de garçom em um clube perto de minha casa, e o dinheiro que eu recebia era somente para meus vicios ( cigarro, bebidas e maconha), acontecia de receber a tarde e já ia “correndo” comprar a droga, ali mesmo no meu bairro. No meio disso tudo começei a perder algumas coisas, como por exemplo alguns amigos que se afastaram por que seus pais sabiam dos meus envolvimentos com as drogas e então os proibiram de conversar comigo, estava perdendo também a confiança da minha namorada, que cansava de me dar conselhos para largar aquilo, mais ela não estava mais aguentando falar, pois eu sempre dizia que iria largar mais na primeira oportunidade lá estava eu usando.
Em um determinado dia, estava eu fumando um cigarro, quando fui “convidado” para fumar um nesclado, que é uma mistura de maconha com crack, confesso que fiquei com medo pois nunca havia fumado isto, mais a curiosidade juntamente com o vicío da maconha me fizeram aceitar. Fomos ( eu e outro rapaz ) a um lugar no meio do mato, e começamos a “esfarinhar” os produtos, pois tinha-mos que enrola-los juntos em um papel. Feito isso, começei uma outra loucura em minha vida, estava abrindo uma outra porta para as drogas e uma droga mil vezes mais devastadora do que a que eu usava,  o crack ou a “pedra” como também é conhecida!
O crack é feito da sobra da produção da cocaína,só que em vez de ser cheirada, a droga é fumada, o crack pode ser fumado junto com outra, como foi esse caso ou pode ser fumado sozinho. Quando é consumido sozinho é fumado em cachimbos, canudos ou em latas, mais o efeito é devastadoramente o mesmo, o crack tem um poder de depêndencia enorme e uma pessoa pode viciar-se no primeiro trago.
Em casa passava por vários problemas, meus pais estavam me cobrando bastante por causa das minha “noitadas”, só chegava de madrugada, para acabar de piorar a situação, minha mãe e meu pai, cada dia davam sinais de que iriam se separar, aquilo tudo só me dava mais vontade de fumar droga, queria me “desligar” do mundo, esquecer aqueles problemas e essa era a única maneira que eu via para “esquecer”.
Alguns dos meus amigos, já estavam fumando o crack puro, e eu logicamente ao saber do poder devastador daquela droga recusei por algumas vezes, mais não demorou muito e experimentei... que sensação otima, o corpo ficava totalmente leve, parecia que flutuava! Comecei a fumar o crack algumas vezes por semana, e o dia que usava não usava apenas uma, fumava várias, não demorou muito e eu fiquei totalmente dominado pelo crack, agora não conseguia ficar nem mais um dia sem o uso daquela droga, não queria saber de mais nada e nem de ninguem, só queria me drogar. Nessa época eu trabalhava em uma empresa perto de minha casa, mas nem para trabalhar estava tendo ânimo, queria apenas usar o crack.
Passei a faltar no emprego com frequência e os poucos dias que ia, passava totalmente entorpecido por um produto altamente perigoso a saúde, o thinner, era a única maneira de aguentar esperar a hora de ir embora e começar a usar o crack. Quando terminava a jornada de trabalho, “pegava” uma carona com um amigo, passava rapidamente em casa, apenas deixava a mochila e saia, chegava muitas vezes a nem tomar banho, havia me tornado um escravo.
Após algum tempo nessa rotina já não me emportava com mais nada, exemplo disso, foi a separação definitiva de meus pais, pra ser sincero nesse momento eu até gostei, era menos uma pessoa para “pegar” no meu pé. Havia completado um ano no emprego e rapidamente pedi minhas férias, pois precisava de dinheiro, aquele vicio estava me custando muito caro, por dia chegava a gastar cerca de cetenta a cem reais, as vezes até mais. Quando voltei das férias, meus colegas de trabalho notaram o quanto eu estava magro, mais não liguei para o que eles estavam falando, estava era interessado na minha parcela de decimo terceiro sálario, e não demorou muito, e já não tinha nem mais um centavo daquele dinheiro.
O crack é uma droga que alem de viciar rápidamente, coloca os viciados em uma paranóia, que faz com que eles oferecam quelquer objeto em troca de uma “pedra”, quando sofrem a abstinência, e eu não era diferente, comecei a vender alguns objetos como celulares,
dois instrumentos músicais (uma bateria e um teclado) e até um mini-sistem que havia dado de presente para minha mãe.
Os proprios traficantes que me vendiam a droga, começaram a me “tirar” quando comecei afumar o crack, comprava fiado quando o dinheiro acabava e pagava mais tardar no outro dia, e nesse momento, não me vendiam se estivesse faltando um real, eles proprios sabiam que eu já não tinha nem um centavo e nem com o que pagar, muito menos com quem pegar emprestado, estava devendo muita gente. Passei a chegar todos os dias somente depois das três da manhã e minha mãe foi me “apertando” contra a parede e sempre me perguntava onde eu ficava e o que eu fazia até aquela hora na rua, mais sempre arrumava uma desculpa e mesmo que ela não aceitasse eu não dava muita conversa e ia me deitar.
Naquela situação não demoraria para eu morrer, ou seja, alguém me mataria ou eu daria uma overdose, pois usava muita droga. O crack tem um poder  tão devastador devido a forma como a substância chaga ao cérebro, pois quando a droga é aspirada como a cocaína, percorre um trajeto enorme até os neurônios, mas quando é fumada é absorvida de modo quase diretamente pelo cerébro, por isso o efeito é rápido, a abstinência mais intensa e o poder de criar dependência no usuário é bem mais forte.
Em pouco tempo de uso, o crack gera transtornos como alucinações e delírios, e perda de ânimo para tudo, havia dia que eu deixava de almoçar e de jantar, agravando tudo isso o sono que eu perdia por noite também estava me prejudicando, dormia em média de duas a no máximo quatro horas por noite. Com isso tudo, havia perdido em torno de quinze quilos e olha que eu pesava setenta e dois quilos, com um meto e noventa, ou seja, passei a pesar cerca de cinquenta e sete quilos; uma verdadeira “caveira em vida”.
Algumas pessoas tentavam me ajudar, me davam conselhos queriam me ver bem, e eu ? Quando não irônozava, dava as costas e deixava a pessoa falando sozinha, aquilo tudo pra mim era um saco. A cada dia me distânciava mais das pessoas que eu amava e que me amavam, algumas crianças me viam como  um cara legal e equilibrado, mais não sabiam das minhas “fitas”.
A cada dia que passava acontecia novas coisas comigo, eu já estava “tachado” por todos como um noiado e um caso perdido, alguns achavam que era questão de poucos dias para eu morrer, e o pior; é que eu tinha noção disso tudo, mais não me tocava, as vezes até pensava em largar tuda aquela vida, mas o vício era mais forte. Meus documentos, como, carteira de identidade e de abilitação só andava com os traficantes, pois era uma forma que eles acharam para que eu pudesse paga-los, ou seja, ou eu pagava a droga ou queimavam meus documentos.
Meu pai muitas vezes pensou em chamar a policia, mais temia que os traficantes pudessem me matar, por outro lado os traficantes não faziam nada comigo por que eles temiam meu pai, então eu acabava intocavel! Tinha me tornado um verdadeiro problema, tanto para meu pai e minha mãe, quanto para os traficantes.